Como pode o pequenino Reino de Portugal, povoado na passagem do século XV ao XVI com pouco mais de 1 milhão de pessoas, ter construído a primeira rede globalizada, presente de forma contínua das Ilhas Atlânticas ao Extremo Oriente? Teria o Brasil importância maior no processo de construção desse império ultramarino, além dos conhecidos interesses mercantis?
Ao se colocar em desacordo com a interpretação predominante que considera a expansão ultramarina como consequência de intuições e conjunções factuais aleatórias, nessa obra o autor privilegia a perspectiva geopolítica ao pôr em relevância a importância estratégica do litoral brasileiro no controle da rota atlântica da Carreira da Índia. Ao abordar o processo de consolidação do poder da Coroa de Portugal na América, traz à tona o papel institucional da Ordem de Cristo como de importância maior, não só na exploração marítima como na orientação do processo missionário, empreendido pela Companhia de Jesus, voltado à apropriação da força guerreira nativa como aliada no embate contra a presença europeia concorrente.
Tendo por base a tese de doutorado do autor, a obra traz a proposta metodológica de superar a normatização historiográfica centrada em fontes documentais escritas, ao fazer uso da abordagem interdisciplinar. Assim, documentação primária se encontra aqui incorporada a informações advindas da conjuntura geopolítica ibérica, da cartografia e da náutica, de condicionamentos ambientais e da etno-história tupi-guarani.