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Graciliano Ramos

Graciliano Ramos

Sinopse

Uma leitura dos modos da escrita literária e autobiográfica de Graciliano Ramos, escritor brasileiro dos anos 30, como reflexão, ressaltando a condição do texto como arte, tendo em vista o momento histórico-político-cultural das primeiras décadas do século XX, em que é destacado o papel do intelectual que se angustia, que se indigna, mas que não se deixa enredar nas tramas de uma armadilha que pode tornar o texto literário apenas um retrato do real. Visão da crítica acadêmica moderna que promove a revitalização do discurso memorialista ficcional, na medida em que convida o leitor a participar da discussão sobre o romance-verdade, chamando a atenção para a ruptura com procedimentos de alguns escritores realistas e memorialistas. Dessa forma, fica em destaque a literatura de Graciliano Ramos, que explora as potencialidades do fingir e da palavra artística na construção de novos sentidos. A prosa seca de Graciliano, com palavras simples, alinhadas de forma concisa, sem preciosismos na linguagem, com intencional economia verbal, mostra um casamento perfeito entre o estilo do autor e a realidade – um universo seco, um universo de poucos risos, um universo de poucas palavras. Por mais que a crítica e os estudiosos tenham tentado falar das vidas fabianas, acreditamos que ainda muito há a dizer, e que a melhor estratégia é ter contato com os romances, com as palavras de Graciliano Ramos, onde os personagens se revelam, não como reflexos do real, mas sim como sujeitos construtores de uma história não só literária, mas também social. A tentativa que nos leva a decifrar o grande paradoxo da modernidade, cujo sistema cruel garante a superioridade dos donos do poder, dos violadores sem escrúpulos, por manter um quadro de violências, revela que esse sistema não acompanha a velocidade e a audácia de seus cometimentos, anulando, assim, as marcas legítimas dos valores humanos.