Embora a corrupção e o mau uso de recursos públicos há muito figurem dentre os temas de maior inquietação da sociedade brasileira, fato é que, com a massificação das tecnologias de informação e de comunicação, juntamente com o fortalecimento dos mecanismos de controle (externo, interno e social), tornaram-se mais perceptíveis os efeitos deletérios que os atos lesivos (voluntários ou não) ao erário acarretam à oferta devida de serviços públicos, ainda mais em um contexto de demandas inesgotáveis e recursos financeiros limitados.
Com isso, em reforço aos instrumentos tradicionais de repressão a desconformidades, os programas de compliance e os processos de gerenciamento de riscos impõem-se como alternativa salutar na prevenção de desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos, devendo ser incentivados e fortalecidos do ponto de vista prático, em prol da melhoria da eficiência e da eficácia da gestão dos órgãos e entidades estatais.
Nesse cenário, depreende-se que, para além de uma abordagem de cunho teórico envolvendo as três dimensões contidas no título, este livro expõe uma perspectiva empírica fundada em experiências ocorridas em diversas organizações (públicas e privadas), conforme áreas temáticas específicas, como a ambiental, policial, trabalhista, compras públicas, terceiro setor, de proteção de dados e digital (redes sociais), sem descurar, em muitos momentos, de tecer críticas ou fazer proposições nesse tocante.