Este livro, uma coletânea de trabalhos de estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, majoritariamente do curso de Geografia, mas também com trabalhos de estudantes de Arquitetura e Urbanismo, Relações Internacionais, Ciências Políticas e, por fim, do curso de História, deve ser compreendido dentro da perspectiva de que não há docência sem discência, de que a melhor maneira de aferir o conhecimento é confrontá-lo com a realidade empírica vivida pelas pessoas, considerando suas múltiplas formas de segmentação, de que não existem fenômenos políticos, econômicos, culturais e psicológicos, capazes de se concretizar fora dos corpos e lugares, como espaço das identidades, dos negócios, dos mandos, das imagens, das resistências e resignações, do poder ou dos poderes.Os trabalhos reunidos aqui devem ser compreendidos dentro da perspectiva de que as fronteiras disciplinares de cada Ciência funcionam como um limite da produção de conhecimento, que, cabe aos (as) intelectuais, a partir de seu entorno acadêmico, buscar estabelecer pontes, diálogos, encontros, entre docentes e discentes, entre campos diferentes do saber e diferentes saberes, entre a teoria e a empiria, entre a Universidade e a sociedade na qual ela está inserida.No que se refere aos estudantes da UNILA e ao curso de Geografia, sobretudo, este trabalho pode ser visto como uma sequência das atividades acadêmicas que levaram à publicação, dois anos atrás, do livro Metrópoles Latino-Americanas: Geografias de Buenos Aires, a partir da disciplina oferecida pelo curso de Geografia da instituição e um conjunto de atividades de campo realizadas na cidade de Buenos Aires. Este livro foi pensado, talvez com o mesmo delírio do livro anterior, como parte das atividades das disciplinas Globalização e Compartimentação do Espaço Mundial, Região e Regionalização – Processos e Teorias – e Sociologia do Mundo Rural, ministradas no segundo semestre de 2016. […] Quando se flana ou se deriva pelas ruas de qualquer cidade, com suas particularidades obviamente, é que se percebe que nenhum lugar responde somente às finalidades corporativas ou políticas, as ruas emanam vidas, usos, apropriações, efeitos e contradições, que podem escapar ao valor de troca e ao planejamento estatal – em suas diferentes escalas. A "geopolítica" concebida na esfera estatal, que transforma lugares em território ou territórios, e a "geoestratégia" corporativa, que transforma lugares em recursos, nós e redes de fluxos de mercadorias, cargas, capitais e imagens, se chocam com a política espacializada das "gentes" vivendo o espaço vida cotidiana. Na grande metrópole, "cidade mãe", o espaço concebido para ser do poder e dos negócios, nos coloca diante da vida condicionada, mas ainda não determinada!