A crise do sistema educacional adentrou o século XXI suscitando discussões e retornando à agenda nacional por meio de temáticas que, há algum tempo, vêm se fazendo presentes nos debates, como a gestão democrática e a educação integral. A relevância desse debate foi corroborada com a apresentação de programas e políticas educacionais como o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), criado na esfera federal com intuito de melhorar a qualidade da educação do País. Integra-se a ele o Programa Mais Educação (PME), criado em 2007, como "[...] estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral" (BRASIL, 2009, p. 7). O interesse no estudo do PME foi motivado pela realidade vivenciada como educadora da rede pública, com atuação na coordenação de diversos programas, em especial do próprio PME, o qual tem conquistado especial destaque no contexto das políticas educacionais brasileiras, uma vez que objetiva induzir as instâncias subnacionais a construírem sua política pública de educação integral, impactando o cotidiano das escolas. A minha trajetória em escola pública é longa e os confrontos com as dificuldades foram (e são) intensos, convivo com os descasos e mazelas de um sistema de ensino ineficiente e incapaz de suprir as necessidades de uma clientela de baixa renda, bem como com a ausência de políticas públicas de qualidade para as classes populares. Meu contato como gestora e coordenadora de projetos populares e conselhos escolares são experiências que contribuíram para que temáticas como educação integral, educação popular e gestão democrática passassem a fazer parte de minha trajetória profissional, bem como a busca em ampliar a discussão sobre a educação pública de qualidade, que valorize todos os atores sociais envolvidos. Sendo assim a temática aqui presente se mostra atual e se constitui em uma maneira de ampliar e aprofundar o debate acerca da educação pública de qualidade no Brasil.