Geometria e acaso se juntam no título para coadunar certos paradoxos existentes nos vocábulos e na vida: cabe à geometria o cálculo dos espaços e formas, mas eis que surge de cada um de nós o acaso, irrefreável, indomável como a própria vida e que só é possível de ser medido não pelas fórmulas, mas pela arte, pela poesia, pelo que se reflete do estar no mundo. Ao dividir o livro em quatro partes, estabelecendo a relação entre o cálculo das superfícies geométricas espaciais (esfera, pirâmide, cubo e prisma) e a observação em diferentes nuances do acaso da vida, busca-se outra forma de medição do existir, em que pese não mais o fator preponderante da álgebra sobre todos nós, somando ou diminuindo experiências, mas o sentido e a forma do estar no mundo. Nesse ponto, nada mais há a acrescentar antes da leitura dos poemas, mas adianta-se que há neles certa forma de descoberta do passado do eu-lírico, desde a infância solitária e humilde até certa distopia do convívio social e, sobretudo, decorrente do espaço das grandes cidades, que se mostram cada vez mais excludentes e produtoras de ruínas. E como nem tudo é queda na vida, há também a descoberta de outras veredas que podem nos levar ao que existe de melhor em cada um de nós, o que inevitavelmente se liga à arte, ao conhecimento e ao amor.