O livro Gazeta Medica da Bahia: discurso emergente para doenças epidêmicas no século XIX discute a participação de médicos do contexto baiano no debate sobre algumas doenças epidêmicas que surgiram no Brasil entre 1850 e 1900, a exemplo da Febre Amarela, Cólera Morbus e Tuberculose. Por meio de publicações da Gazeta Médica da Bahia, periódico científico criado em 1866, por um grupo de médicos estrangeiros, como Otto Edward Henry Wucherer, John Ligerthood Paterson e José Francisco Silva Lima, assim como alguns professores da Faculdade de Medicina da Bahia, apresenta-se uma análise do discurso médico no âmbito dessas doenças e demonstra-se como esse coletivo estava atento aos acontecimentos mundiais da medicina, fazendo circular textos estrangeiros e originais relativos a descobertas, prevenções e tratamentos. Assim, este livro apresenta e analisa alguns artigos do periódico, em particular, aqueles produzidos pelo Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro, médico ainda pouco estudado, que se mudou para Salvador em 1875 e em seguida transferiu-se para a cidade de Feira de Santana, no interior da Bahia. Como redator da Gazeta, contribuiu com diversos artigos a respeito da Tuberculose, com críticas ao pouco avanço na investigação da doença no Brasil. Escreveu sobre as teorias pasteurianas e ensaiou uma discussão sobre vacinas, antes da institucionalização da medicina experimental no país. Vale salientar que o Hospital da Santa Casa de Misericórdia da Bahia serviu como base para as investigações de cunho "experimental" para os médicos que compunham um estilo e coletivo de pensamento emergente no Brasil. Desse modo, o livro também discute a tentativa de criação do Instituto Bacteriológico na Bahia, em 1894, por meio de um artigo da Gazeta. Analisa, portanto, a negativa do legislativo baiano para a construção desse importante equipamento para o desenvolvimento da ciência na Bahia desde 1877. A partir disso, conclui-se que as discussões que ocorreram na Bahia, contribuíram para o desenvolvimento da medicina experimental institucionalizada no Rio de Janeiro a partir de 1900, que teve como pano de fundo o Instituto Soroterápico Federal, que depois se tornaria o Instituto Oswaldo Cruz e hoje a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).