Fronteiras do erótico circunscreve-se na esteira de uma fecunda tradição da teoria social crítica brasileira que de maneira sofisticada aproxima marxismo, história e crítica literária. Seguindo as pistas deixadas pelo mestre Antonio Candido, Vinícius Bezerra, com a dicção elegante que lhe é característica, recoloca O Cortiço de Aluísio Azevedo no rol das grandes obras da literatura brasileira, que de maneira singular e com um estilo visceral expressou contradições profundas do processo de desagregação do sistema escravista e a emergência de relações tipicamente burguesas nos finais do Dezenove no Brasil.
Lança-se com fôlego no debate que reflete acerca da relação entre literatura e história, expediente largamente utilizado no campo do marxismo, porém alardeado como uma grande descoberta pelo museu de novidades dos pastichadores pós-modernos, que, além de partirem de um tratamento estreito do fenômeno literário, pois reduzem a relação do texto com a realidade a qual ele está inserido a um problema circunscrito apenas ao campo da linguagem, também não compreendem a obra de arte como uma objetivação complexa e genérica para si, capaz de expressar as diversas facetas que compõe o processo contraditório de entificação do ser social, conforme nos demonstra o autor.