"Florzina" é o título do livro da escritora Adja Costa. Uma personagem zelosa, direita, que trabalha na roça e não sabe ler, embora queira aprender pois sente vergonha de não saber escrever o seu próprio nome. A vontade de aprender se contrapõe aos desejos da mãe para quem o estudo é coisa de "doutor". Na pequena Imbira, povoado do interior nordestino, o leitor é levado a compreender o dia a dia dos que vivem à margem de um país que melhora índices sociais e econômicos que não tem reflexo nos rincões da região do semiárido. A casa de taipa, que não tem água encanada e nem luz elétrica, onde na sala se vê um retrato emoldurado da família, redes penduradas e cortinas feitas de chita. Um fogão a lenha e uma pedra que serve para amolar as facas na cozinha. Florzina pega uma lata para buscar água num riacho distante de casa. A ida à missa, os pedidos de namoro, a plantação de macaxeira, a expectativa em transformar o tubérculo em farinha, a família conversando embaixo da mangueira, a fé no padinho Ciço, o forró na casa de Seu Manedé, a ida à feira livre dos sábados no povoado vizinho. No interior do Nordeste, o sol é sempre escaldante. Pelos olhos de Florzina, o comportamento de familiares, vizinhos, amigos e conhecidos são desvendados dando ao leitor deste livro a noção precisa de como a cultura no interior nordestino acompanha a vida dos que ali vivem. Um livro delicioso para quem gosta de aprender, para quem quer relembrar doces e difíceis momentos e para termos a certeza de que muito ainda deve ser feito para melhorar o cenário destas localidades. Preservando a cultura, sem mudá-la. Boa leitura. Luiz Mazo Jornalista