Filipe nos coloca em diálogo com um sortido de emoções que, quem mais quem menos, são parte dos instantes de qualquer um que quer viver e sentir o vivido. Um pouco longe do otimismo florido de Walt Whitman e não tão longe do ocasional ceticismo de Drummond de Andrade, nosso amigo pernambucano sente os dias que passam, querendo botar notas doces e até sensuais em alguns dos seus dias, após tomar um gole amargo com licores ou sensações. O leitor acompanhará - e até reconhecerá como seu - o ondular de dias que se passam entre coisas que fascinam e instantes que aborrecem, entre pequenas cascatas de alegria de moleque e profundas reflexões de velho ranzinza. Quiçá agora, mais do que outrora, somos cientes do movimento da Terra, e do vertiginoso ir-para-lugar-nenhum que por vezes nos enche de perguntas ou de euforia. Filipe astrônomo lhe diz ao Filipe poeta, bota tudo parafora, alivia esse peso das costas, mas toma cuidado com a excessiva leveza.