A proposta era escrever um pequeno texto por dia, até que me vi com um impulso de criar um texto longo. Sem planejamento, comecei escrevendo sobre mim e Flora, a personagem que "saltou" de meu universo íntimo. Gostaria de ter escrito um livro com mais de mil páginas, mas fui totalmente incapaz. Flora nasceu e morreu em mim tão rápido como sua vida. Flora e eu fomos nos misturando e, por fim, vi que aquela mulher corajosa poderia ser eu mesma. Estas páginas, que considero um processo de autoconhecimento e de paixão pela liberdade, levaram-me a ter coragem de me expor e de colocar minha personagem em ambientes que não eram os meus e que pouco conhecia. Tive que me fazer nascer, isto é, parir, por meio da Flora, a Malu. Embarquei na história de uma personagem, negra em suas raízes, que me era antagônica. Assim, percebi-me compartilhando com o leitor o processo criativo da escrita. Com um livro tão pequeno, poupei o leitor de minha falta de conhecimento literário e lancei -me com o coração na vida misteriosa e fascinante de Flora, vida que também descobri ser a minha.