Final Fantasy VIII, falando estritamente de sua gameplay, ou é entendido de imediato e se torna um broken game, como dizem os hardcore gamers que sabem aproveitar mecanismos que tornam seus PCs (playable characters) superpoderosos num piscar de olhos; ou se torna um enigma que o RPGista ou novato com mais boa vontade demora horas para "sacar", e que o RPGista ou novato sem tanta boa vontade imediatamente deixa de lado, sem volta. Não parece haver brecha para sendas intermediárias... Se ser original ganha pontos, ser original sem pensar nas (inúmeras) consequências pode contar uma outra história... História: palavra que garante a espessura dessa resenha! *** Há quem diga que a plot de um jogo só serve para o jogo, durante o jogo, mesmo na comunidade mais story-driven da indústria dos games, a dos RPGistas. Eu tendo a estar no time oposto, e essa análise é dedicada àqueles que, como eu, adoram discutir teorias e conexões, fora do Jogo de Interpretação de Papéis ou Role Playing Game, porque tanto quanto eu odeio (nós odiamos) o junction system eu adoro (nós adoramos) o storytelling de Final Fantasy VIII – e a estória de FF8 é sua saving grace! *** FF8 é na essência uma luta anti-imperialista, e uma alegoria para os Estados Unidos da América: a era das feiticeiras (Hitler) chegou ao fim e estabeleceu-se a pax americana, mas ela não é tão cheirosa e pudica como demonstrava debaixo do véu da noiva. A nação que se sagrou vitoriosa naquele conflito contra o sobrenatural aterroriza todos os vizinhos, tratando-os como colônias, de forma tão "diplomática" quando a Israel de Natanyahu. *** Discutem-se ainda teorias famosas que perduram na atualidade: É Rinoa Ultimecia? Qual a origem do nome Ultimecia? A magia de compressão do espaço-tempo obteve êxito? Qual a conexão real entre a introdução e o epílogo do jogo em full motion video? *** Destaca-se a similaridade do roteiro com a de um filme de 1980, Somewhere in Time, dentre outras obras de fantasia e romance.