A mulher não se traduz a um apêndice do outro: o homem. Ela é ator social tão presente e influente nas diversas relações quanto o homem. Postulamos a existência de uma implicação da relação presença/ausência das mulheres na construção das imagens dos homens biografados, pelo movimento de alteridade inerente ao ato de linguagem. Nesse sentido, esta obra visou identificar e caracterizar as figuras femininas presentes nas biografias de dois presidentes militares, marechal Castello Branco e general Ernesto Geisel. Buscamos aporte teórico nos estudos biográficos, dentre outros os de Arfuch (2010), Lysardo-Dias (2010, 2012) e Procópio (2012). Servimo-nos dos estudos sobre a mulher, dentre eles os de Habner (2012) e Scott (2012). Utilizamos as formulações sobre gênero feminino de Beauvoir (1980), Del Priori (1998) e outros. Adotamos a concepção de identidade de Hall (2001) e a abordagem em análise do discurso proposta por Charaudeau (2001, 2009), a Teoria Semiolinguística. Ao discorrer sobre a trajetória da mulher brasileira e os modos como ela aparece nas obras em análise, ficou evidenciada a subalternidade da mulher perante o homem, como uma construção social, a partir dos papéis socialmente definidos para cada um. Mas, embora as figuras das mulheres não tenham sido apresentadas em destaque na trajetória dessas personalidades, o movimento de presença-ausência tem fortes implicações na construção do perfil dos biografados, revelando facetas outras deles, sobretudo, sentimentais.