O começo deste livro não é agradável, com três artigos que denunciam a maldade da mineração de ferro – confesso que não consigo deixar de ser emocional com essa estúpida atividade de usurpar covardemente as entranhas da terra. Eles são precedidos pelo relato do horror com que nossos indígenas enxergam a mineração. Volto a visitar verdes territórios distantes a caminho do oeste, no Espigão Mestre, nas Mangabeiras e nos Parecis. Em algum ponto precisaria abordar as vilas fantasma, povoados mineiros criados e depois abandonados, com estranhas histórias que sempre parecem injustas e melancólicas. No livro passado, houve poucas daquelas montanhas cênicas e esportivas, mas agora você será recompensado com várias delas, todas no firme granito. Tento explicar o clima, essa mutável realidade que nos envolve. Incluí desta vez dois relatos poéticos, de um santo medieval e de uma índia contemporânea, espero que o emocionem como emocionaram a mim. Falo da terapia da loucura por uma médica humana e modesta, bem como de mais uma lenda de nosso folclore, talvez a mais bela de todas, e de mais um ciclo de guerras coloniais. Há dois contos de ficção, sobre os estranhos pensamentos que algumas vezes me acompanham nas minhas jornadas na natureza. E, uma vez mais, escrevo sobre dois monstros sofredores que moram perto de mim.