O Fascismo histórico foi tão moderno quanto o capitalismo (já que é uma de suas expressões), como o futurismo italiano demonstra nitidamente.O mesmo ocorre com o novo fascismo, que é um ciberfascismo. Ele põe em xeque todas as utopias tecnociber (do ciberpunk ao ciberfeminismo, da ciberesfera à cibercultura) que desde o pós guerra, com uma intensificação a partir dos anos 1970, viam nas máquinas cibernéticas uma dupla promessa, a de uma nova subjetividade pós-humana e a da liberação da dominação capitalista, cuja ruptura viria das máquinas e não da política, das revoluções da técnica e não da organização revolucionária.
Bolsonaro e Trump utilizaram todas as tecnologias disponíveis da comunicação digital, mas suas vitórias não vêm da tecnologia. São o resultado de uma máquina política e de uma estratégia que agencia uma micropolítica dos afetos tristes (frustração, ódio, inveja, angústia, medo) com a macropolítica de um novo fascismo que dá consistência política às subjetividades devastadas da financeirização.