A partir das últimas décadas do século XX, a globalização e a internacionalização do capital trouxeram mudanças significativas tanto ao mundo do trabalho em geral, quanto às estratégias dos sindicatos e às formas de organização da ação coletiva em específico. Nesse contexto, a Sociologia manteve um esforço permanente de criação de teorias e conceitos capazes de analisar tais transformações e as suas consequências para os sistemas de produção, para o trabalho e para os/as trabalhadores/as. Em Faces da reestruturação produtiva: disputas por representação e alterações no mundo do trabalho, Samuel Nogueira Costa faz o/a leitor/a percorrer esse instigante debate e aproximar-se, com precisão, de termos imprescindíveis para uma interpretação congruente dessas metamorfoses – tais como globalização, especialização flexível, toyotismo, neoliberalismo e terceirização.
Nesse vocabulário fundamental à compreensão da sociedade atual, o último dos termos ganha importância expressiva no livro, cujo principal objeto de estudo é a terceirização na Universidade de Brasília, a partir de uma perspectiva materialista e dialética. Por meio de entrevistas com dirigentes sindicais, aplicação de questionário a trabalhadores/as terceirizados/as, dados quantitativos e análise bibliográfica e documental, o autor investiga as mudanças econômicas e políticas no mundo do trabalho, os efeitos da reestruturação do capital e das políticas neoliberais, o processo de terceirização e o movimento sindical dos trabalhadores terceirizados da UnB. Nesse sentido, a leitura deste livro permite uma profunda reflexão sobre a terceirização, sobretudo no setor público, em seus contornos cada vez mais nítidos de flexibilização, precarização e intensificação do trabalho, com a vantagem de a visão apresentada ser construída sob a ótica dos/as próprios/as terceirizados/as e de sua organização sindical.