A poesia transpôs os mares nunca dantes navegados e aportou num lugar sem espaço físico, mas repleto de cores, imagens e emoções; as telas de Lopes de Sousa. Tudo começou quando ele, artista plástico português, nascido em Aveiro e expositor em mais de 300 mostras em Portugal e no mundo, pediu a ajuda da poeta brasileira Reinadi Sampaio para a organização de uma exposição itinerante em comemoração aos seus 40 anos de arte. Reinadi pensou, pensou e descobriu que só poderia ajudá-lo usando a sua "bagagem de sonhos"... Repleta de – Coisas ... um artista plástico, uma música, um lugar, outro país, outros amigos, outras pessoas, um poema que é a libertação dos sentimentos e que ao ser levado pelo vento, seguindo certa corrente, em direção a Aveiro, seria depositado como um sopro no destino que os poetas desejassem, no endereço que eles sobrescritassem nos envelopes das emoções. Um mundo infinito que direta ou indiretamente nos toca... Coisas... É! Realmente, o mundo cabe nesta palavra... A proposta do artista foi a de criar 30 a 40 telas, inspiradas em poemas de Reinadi, do poeta Runa, também português e, de amigos seus, poetas brasileiros, para participarem com seus versos, quer fossem em poemas ou na forma de composições musicais, sobre os quais ele comporia as suas telas. E ela convidou os poetas Hermes Peixoto, Cyro Mascarenhas, Ana Paula Sampaio, Leonidas Moura e, Ribeiro Lourinho, poeta português e os compositores, Jota Silveira e Rabin, tirados da sua "Bagagem de sonhos"... A "Exposição Itinerante | 2016 | Portugal", leva nas suas telas as cores e os versos dos "dias iguais", palavras do poeta Runa, que se fazem diferentes quando mergulhamos nos sentimentos que são comuns a todos os mortais e nos deixamos levar por uma enxurrada de emoções, ora nos fazendo vibrar de alegrias, paixões e desejos, ora nos fazendo chorar diante da saudade, da distância e, das impossibilidades das realizações. O que a escrita e a pintura transmitem neste livro é antídoto para todo ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência. (Hermes Peixoto).