Há um sistemático processo de escravidão, tortura, assassinato e esquartejamento ocorrendo neste exato instante, operado de maneira invisível aos nossos olhos. Tal processo acontece afastado de nossos espaços de convivência. Uma evidente injustiça dificilmente passaria incólume à consciência humana. Não o vemos, mas suas consequências ficam estampadas em prateleiras de supermercado: pedaços retalhados de cadáveres animais, outrora corpos viventes, vendidos sobre a forma de carne a ser consumida.
Para além da alimentação, os animais não humanos são explorados para diversos outros fins: padecem nos circos, zoológicos, rodeios, carroças, indústrias de pele, institutos de pesquisa e de educação, entre outros. Quais os mecanismos anestesiam a consciência humana diante de tais atrocidades? Quais as consequências da exploração animal para o meio ambiente e para a saúde humana? Por que ainda não há uma rejeição majoritária da população à exploração animal? Seria uma negação de um suposto intervencionismo vegano? Qual a origem do vegetarianismo e do veganismo? Existem relações entre a exploração animal e outros sistemas de opressão, como o racismo e o sexismo?
Este livro, propondo compor um mosaico de discussões vinculadas ao eixo central da exploração animal, pretende responder a essas perguntas, sem, contudo, esgotá-las. Ao final do livro, ao contemplar o mosaico, espera-se que se possa emergir, nítido, de um lado, faces da exploração animal, e, de outro, caminhos de libertação.