A história é feita de evidências. Ela é relatada, escrita. Desde Heródoto, o fazer história é uma questão de olhar e de visão. Ver e dizer, escrever o que se passou e apresentá-la tal como foi vista, à semelhança de um espelho: e é aí que se encontram alguns dos problemas que vêm constituindo a rotina do historiador até os dias atuais.
As numerosas reformulações na historiografia moderna prosseguiram nesse trabalho entre as fronteiras do visível e do invisível, com a ambição de obter uma visão real das coisas a partir de um olhar analítico, mais abrangente e profundo. E com o término do século XX, essa intensa evidência da história passa a ser questionada. Que papel cabe, daqui em diante, ao historiador frente ao "desafio narrativista", à relevância tanto da testemunha quanto do juiz, no exato momento em que memória e patrimônio se tornaram evidências? Essa e outras questões são analisadas nesta obra escrita por François Hartog, um dos mais importantes historiadores franceses da atualidade.