Estes estudos de caso foram feitos para demonstrar a importância de trabalhar com crianças e suas famílias, as quais são impactadas por diversas diferenças no desenvolvimento e na aprendizagem.
Provamos na semana de tratamento que muitas vezes as acomodações não são apropriadas e também não facilitam a interação nem o crescimento social emocional. Hoje nós temos a oportunidade de redefinir as intervenções que acomodam as crianças com desafios no desenvolvimento.
Estamos numa fase em que a acomodação individualizada é necessária para a construção de um ambiente justo. É o que vejo quando as interações trocam emoções, por menores que sejam, e o processo deixa de ser a prioridade, aí todos se envolvem no produto da construção daquele ser.
Se pudéssemos convencer o mundo da importância de poder integrar e modular sentidos para a construção do que somos e agimos, o lado cognitivo e comportamental faria bem mais sentido do que uma equação superficial que traz os estudos científicos. O que eu vejo, muitas vezes, é que o comportamento hiperativo e agressivo esconde o desconforto sensorial de muitas dessas crianças. A avaliação cognitiva não tem o mínimo valor quando uma criança se encontra com o emocional em pedaços.
Resumindo, o que vi nesses últimos anos, na minha turnê pelo Brasil, foram crianças esgotadas mentalmente por determinados sons, cores e um universo cheio de atividades e comandos. Vi, também, planos cognitivos maravilhosos, que necessitariam "apenas" de um excelente plano motor (práxis) para ser sucesso. Vi crianças que estão sendo submetidas a um fracasso acadêmico diário por não serem individualizadas em currículos pedagógicos, devido à falta de legitimação do que a criança
não pode fazer ao que ela não quer fazer.
Assim, deixo esta sugestão aos pais e profissionais: antes da elaboração de qualquer plano de ação, faça uso de nosso guarda chuva do desenvolvimento e avalie a criança na sua individualidade biológica, sensorial, cognitiva e ambiental. Este livro surge da importância de materializar o que falamos em planos de ação e estudo de casos, usando a abordagem chamada DIR/Floortime®.