O livro Espiritismo no Brasil: história, prática e conversão é um trabalho interessante sobre uma religião, que está ampliando a sua presença no campo religioso brasileiro. A história do espiritismo começa na França, século XIX, em meio ao reboliço que as mesinhas girantes faziam nos palcos da Europa. Interessados: médiuns, religiosos, farsantes, cientistas, curiosos, e é claro, os espíritos. Assim que os espetáculos cansaram, restou a persistência dos pesquisadores – dentre eles, Kardec. Kardec organizou os depoimentos dos espíritos, melhorou o método de contato com eles e apresentou ao mundo uma nova religião. Essa religião atravessou o Atlântico e veio instalar-se nas praias brasileiras. Aclimatou-se. Despiu-se do pragmatismo científico e vestiu um manto de religiosidade. Começo difícil. A favor: o mediunismo indígena e africano, a homeopatia, a maçonaria e leitores esclarecidos; contra: a Igreja Católica, os protestantes, a medicina tradicional, a lei. Aos poucos, reuniões familiares se transformam em centros espíritas. Uma avalanche de publicações espíritas, médiuns carismáticos e palestrantes ajudam na divulgação. O espiritismo se organiza. Surgem as federações espíritas e os órgãos setoriais. Mas o que faz com que alguém se torne espírita? O que se vê no espiritismo que faz alguém deixar a sua religião de origem para migrar para uma religião ainda em expansão? A sua teologia? A sua práxis? A sua literatura? Uma pesquisa ajuda a esclarecer. Milhares de respondentes dão o seu depoimento montando o mosaico das opções de adesão. Qualquer que seja o motivo, está funcionando. E quanto à sua prática? O que faz o espírita para manifestar, participar, exercer a sua função dentro do espiritismo? Um modelo de organização e prática parece ter se generalizado. Tipos e locais de culto, prática mediúnica, assistencialismo, teologia; a semelhança de forma e conteúdo intriga, uma vez que a Doutrina Espírita não possui liturgia, nem dogmas, nem cânones. A base? Os livros de Kardec e as obras mediúnicas de Chico Xavier e dezenas de outros médiuns. Hoje, as federações orientam, mas sem impor. Esta obra é uma interessante fonte de informação e uma base de dados sobre história, prática e conversão do espiritismo no Brasil.