Em seu décimo segundo livro, o poeta traça outro painel de sua era, retratando em versos o período em que viveu no Rio Grande do Sul, entre 2004 e 2006, rico em experiências pessoais e políticas. Além da ascensão do PT ao poder central, o escândalo do mensalão, a guerra do Iraque e outros fatos escondidos em meio a desilusões de toda ordem, o livro mostra em suas entrelinhas o crescimento e "empoderamento" do politicamente correto, com sua linguagem imposta lenta e simpaticamente de cima para baixo, sempre com a melhor das intenções, resultando em futuros garrotes "naturais" no idioma e na atmosfera social, matando aos poucos o bom humor que o brasileiro sempre trouxe consigo (coisa fatal para quem sabe que a liberdade de expressão é outro ar que o Ocidente prescinde para a sobrevivência de seus valores mais caros) e que acabou revelando-se como um vaticínio preciso do autor, tanto do ponto de vista profético quanto poético. Estes seus poemas soam como soldados espartanos a lutar, com os seus exíguos recursos, em uma atmosfera cada vez mais irrespirável, ao mesmo tempo em que o seu espalhafato chama atenção para a sua solitária causa.