Cada vez tem se tornado mais comum autores contemporâneos referirem-se a suas próprias obras como um trabalho de curadoria. Mas como pensar o autor como curador? Como pensar essa imbricação entre o curador e o artista e mais especificamente investir na possibilidade de aproximar a condição do autor contemporâneo a de um curador de sua própria imagem e de sua obra?Os artigos reunidos neste livro tematizam questões que discutem a condição da autoria no presente considerando os procedimentos da escrita não-criativa e a possibilidade de pensar o autor como um curador. O ponto de partida de muitos ensaios são as premissas defendidas por Kenneth Goldsmith, professor da universidade da Pensilvânia, que ministrou durante alguns semestres um curso que ele mesmo chamou de "Escrita não-criativa" e que consistia em estimular seus alunos a investigarem técnicas de apropriação de obras alheias, defendendo a ideia de que os "escritores estão se tornando curadores da linguagem e fazendo um movimento similar à emergência do curador como artista nas artes virtuais". Ao lado dele, Marjorie Perloff (2013) relaciona iniciativas como as de Goldsmith à não-originalidade, às práticas da citação, da cópia, da reprodução, da colagem e identifica, aí, a possibilidade de um novo paradigma para a criação literária. Nossos autores tomam essas provocações como ponto de partida para a reflexão e oferecem ao leitor um bom panorama sobre essas discussões.