Neste segundo volume de A escrita de Graciliano Ramos: o juízo e o não juízo de Deus, a contemplação entre literatura e filosofia e literatura e psicanálise se efetiva pelo olhar que lancei sobre o organismo chamado Paulo Honório, narrador de São Bernardo, se desorganizando. Aqui, a personagem não é mais história como a metafísica. Antes, é a destituição desta em Corpo sem Órgãos, em não juízo de Deus. Não sem motivo, em uma análise dialética exponho, em lados opostos, Paulo Honório e sua esposa Madalena. Ela, o verdadeiro "objeto a" lacaniano, suplementa-o, e na aporia de existir e/ou do não existir, suicida-se. Torna-se, assim, o vazio do grande Outro – Paulo Honório, quer seja, seu Corpo sem Órgãos. Esse foi o epicentro para o viúvo, em grande agitação, marcar o não juízo de Deus, impresso na própria escrita, pois se pôs a produzir uma obra – a São Bernardo. Nascia "a ¬ficção da desorganização do falo colonizado do organismo colonial/imperialista brasileiro", que habitava em si. A inesgotável fonte do não juízo de Deus, validada pela "pena" de Paulo Honório" se fez devir-mulher de sua literatura. Ele não se intimidou e, a exemplo de seu criador Graciliano Ramos, ficcionalizou o Corpo sem Órgãos de uma coletividade, a do povo brasileiro, bem distanciado do materialismo histórico. Eis o que esta obra lhe convida a experienciar...