SCOLAS COMUNITÁRIAS eis um fenômeno educacional, que merece ser entendido na sua diversidade e complexidade.
Construídas por iniciativa de moradores da periferia urbana, mais do que um instrumento de escolarização, aparecem como o espaço simbólico de defesa e resistência às ameaças de desorganização e violência, que a vida na cidade, não raro, provoca. Funcionam assim como prolongamento da casa, onde as crianças ficam protegidas dos acontecimentos imprevisíveis e inquietantes do mundo da rua.
Os dados trazidos por este livro permitem identificar o quadro de carência do ensino público, que teria favorecido a eclosão e avanço das escolas comunitárias. Tais escolas surgem como estratégia engendrada pela população excluída dos serviços públicos, para suprir carências neste setor. E isto não só em termos numéricos, pois mesmo quando existem nas proximidades, as escolas públicas se mostram inacessíveis ou incompatíveis com as características sociais e econômicas das comunidades.
A descrição de como as escolas comunitárias daí se formam é algo que se pode encontrar neste livro.
As experiências múltiplas, que caracterizam estas escolas e a formação dos grupos, que as compõem, mostram como é possível conviver com divergências, no mesmo espaço social, sem que a unidade de referência da população fique ameaçada.