Todo o poeta tem as suas fases, influenciadas pela própria vida, por visões contemplativas, astrais, psicológicas, humanas, românticas e sociais, entre outros. A poesia a tudo se presta, até para lenitivo, desabafo e interação comunicativa entre os seres que coabitam no planeta. Há fases do amor empírico, figurativo, muitas vezes passando pelo imaginário, meio que misturado com ficção e filosofia, em maior ou menor grau. Assim sendo, a poesia contempla a todos, de acordo com as necessidades ou anseios dos leitores. Em vista disso é que escrevemos prefácios, sinopses e textos de orelhas (abas) para que o possível comprador possa decidir o livro adequado para o seu momento. Porém, ninguém encontrará um livro específico para resolver os seus problemas existenciais. Nem memo os denominados livros de autoajuda conseguem contemplar a diversidade, que vem acompanhada de subsídios os mais variados. Estes objetivos sempre são insuficientes. Usualmente, falam muito e não dizem nada que corresponda às expectativas do leitor que busca orientação. Já, um livro de poesia, por vezes fala pouco, porém é mais inspirador, donde se depreende que uma palavra, no meio do texto poético, pode suscitar o entender de um longo caminho a percorrer, a partir de uma despretensiosa sugestão do poeta. Isto porque poesia é vôo. Quase sempre é despretensiosa, sutil e diz com simplicidade, conduzindo a mundos inimagináveis. Ao contrário da autoajuda, a palavra na poesia toca fundo na alma do leitor inspirado ou atento. Mesmo que, na hora da leitura, não se prenda a atenção em uma palavra, esta fica arquivada num canto da alma humana e, num belo dia, brota como uma flor na natureza humana. Este é o efeito estendido que o poeta deixa com o leitor. Não há dois poetas iguais no mundo. Cada um traz a sua mensagem, a partir de vivências e inspirações. Nunca podemos dizer que fulano é o melhor poeta do mundo, pois isso é relativo. A experiência nos diz que cada um projeta nas letras a sua visão de mundo, da qual podemos discordar ou concordar. Tirando os escribas de poemas moralistas, todos os outros estão eivados de emoção, que é a sua própria e que pode atingir ou não o leitor. Pratinha sempre foi citado por mim como aquele que cultiva poemas de glorificação do amor e da fé. Esta é a marca idealizada no decorrer da sua trajetória, durante os 25 livros publicados pela Editora Agbook. Os tempos mudam e, com ele, os poetas e todos nós mudamos. Esta é a rota da caminhada humana, sempre em busca do crescimento e da continuidade. Neste livro "Eros e a Janeleira", a dinâmica do título fugiu da costumeira contemplação sugerida, em torno do amor como mote principal e objetivo. Porém, o amor continua, mais discreto nos conteúdos, porém presente ensaiando-se nas entrelinhas. Faz parte de maior maturidade literária, tendendo sutilmente para uma filosofia engajada nos cantares do bardo. (Luciana Carrero, crítica literária amadora).