MAS AINDA DÁ TEMPO?
O velho – como sujeito da velhice – pode se beneficiar da psicanálise? Não é tarde demais? A minha resposta é que ele pode, mas a psicanálise nessa fase da vida tem especificidades; não porque haja uma modificação psíquica no decorrer da passagem do tempo, mas porque a vida traz traumas, questões e condições de elaboração diferenciadas.
A noção de envelhescência desenvolvido por Berlinck (2000), como um desencontro entre o corpo que envelhece e o psiquismo que se mantém atual, abriu-me caminhos para pensar nas peculiaridades da clínica psicanalítica na velhice. Diante desse desencontro, que ocorre na velhice, se faz presente a exigência de um trabalho psíquico, no sentido psicanalítico de elaboração, para transformar a vivência da velhice em uma experiência enriquecedora da subjetividade. A obra Envelhescência: o trabalho psíquico na velhice versa sobre a envelhescência tanto como conceito como também uma base para a clínica psicanalítica nessa fase da vida. Eu te convido para, junto comigo, refletirmos sobre as possibilidades subjetivas de se viver a vida na velhice de modo significativo.