Uma imagem vale mesmo mais que mil palavras? As palavras, como imagens que também são, constroem realidades coletivas em diálogo constante?
Com esses questionamentos, abro o texto sobre o livro Entrelaçamentos entre Imagens e a Formação Docente, de Adriana Maria de Assumpção, pois suas palavras incitam o leitor a questionar e ampliar o ditado popular frente ao trabalho que a autora apresenta na e para a Formação Docente. A construção de sentidos através de imagens tem ocupado lugar central na assim chamada Civilização da Imagem, mostrando-se uma ação dinâmica de produção e interpretação, incessantemente. Em sua proposta, a autora nos coloca diante da afirmação de Didi-Huberman: “o que vemos, o que nos olha”... Nesse sentido, ver precede a palavra, posto que a percepção visual antecede o verbo, tornando-se o ponto de partida para as construções de significados, de entendimento e de leitura do mundo, vasto mundo...
A autora destaca a importância de as imagens não serem entendidas apenas como objetos de contemplação, mas também como elementos ativos nas narrativas culturais, sociais, políticas, históricas, dentre tantas outras. Isso fica patente nas experiências narradas e fundamentadas pela autora, nas quais o ver a imagem passa ao registro da narração de relatos que se desenvolvem através de processos criativos, ultrapassando a representação e alcançando a construção de significados que refletem experiências individuais e coletivas, formando, assim, um tecido de vivências compartilhadas. Histórias – suas, deles, delas – nossas histórias...
O leitor tem, também, a oportunidade de tecer suas próprias narrativas com a leitura – das imagens e das palavras – e, por sua vez, inter-relacioná-las com os discursos e contextos culturais em que estão inseridas, tanto no âmbito subjetivo quanto no objetivo, considerando que a leitura é plural e que as imagens são polissêmicas, provocando-nos esteticamente.
A autora nos faz comungar de uma possibilidade estética das narrativas que são apresentadas na e para a Formação Docente como “mobilização dos sentidos”, ou seja, como leitoras e leitores, somos impelidos – positivamente – a negociar experiências e referências socioculturais frente às que nos são descritas, lembrando-nos de forma aguda e pungente que a construção de sentidos não é unidirecional; ao contrário, é uma prática dialógica em seu fazer permanente.
Por tudo isso – e muito mais! –, o livro de Adriana Assumpção é leitura imprescindível e aponta caminhos de/para uma Formação Docente que tem o princípio estético como Rosa dos Ventos, trazendo aos leitores trajetórias possíveis sobre a imagem que compartilha, comunica e produz sentidos, sensações, ideias e visões de mundo e muitas outras possibilidades. Veja por si!
Ana Valéria de Figueiredo
Nova Iguaçu, 9 de novembro de 2024.
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