Entre as Portas do Tempo é uma jornada poética através dos labirintos da identidade, onde o tempo não corre linearmente, mas se desdobra em rios de memórias, cicatrizes e reinvenções. Davi Roballo convida o leitor a adentrar um universo de paradoxos: um livro que é mapa, espelho e faca, desafiando quem ousa enfrentar os abismos do próprio ser. Nas páginas desta obra, o eu se fragmenta em múltiplas vozes — a criança exilada nas sombras, o adulto esgotado por máscaras sociais, o velho que sussurra profecias noturnas. Através de poemas densos e metáforas cortantes, o autor explora temas como a solidão, a passagem do tempo, a infância perdida e a busca por autenticidade em um mundo de ilusões. Com referências a heterônimos como Aurélio Salvatore e Ícaro Severiano, Roballo tece uma tapeçaria de personagens internos, cada um representando facetas contraditórias da alma. A linguagem, visceral e onírica, oscila entre o lírico e o grotesco, revelando feridas abertas, máscaras arrancadas e verdades incômodas. O rio, símbolo central, carrega naufrágios de versos não escritos e sonhos engasgados, enquanto espelhos quebrados refletem pedaços de um todo inalcançável. Entre a botânica das sombras e a cirurgia das máscaras, o livro questiona: quantos eus habitam em nós? Quantos mortos carregamos nos pulsos?