O livro de Diana Malito tem a capacidade de nos lançar neste tempo tumultuoso e cheio de possibilidades do tempo presente. Não apenas as possibilidades maiúsculas, como Democracia, Liberdade, Justiça Social, Revolução, mas também as minúsculas, aquelas que desperdiçamos todos os dias, que se passam nas salas de atendimento, nos caminhos para o trabalho, nos escritos e relatos compartilhados de uma vida, nos coletivos de luta política, no silêncio de uma leitura, nas palavras que se recusam à sina utilitária e viram verso. Sem recuar diante de questões maiúsculas (o Capitalismo Contemporâneo; as Políticas Públicas; a Reforma Psiquiátrica; o Racismo Estrutural; as Psicologias, seus saberes e fazeres) que configuram, dão materialidade e constituem muitas das cenas aqui colocadas, Diana escolhe não limitar seu trabalho a escolhas impostas. Sua escrita subtrai-se à lógica binária e dicotômica e segue cruzando diferentes planos, dando a ver o que regularmente escapa ao olhar: o que está entre, o que é fugidio e faz fugir, redesenhando perspectivas e modos de estar no mundo, sendo "a contra mola que resiste". E ao fazê-lo nos ajuda a fazer deste, um outro mundo possível, não só para as Psicologias, mas para tode aquele "que tem a força de saber que existe". Que sabe que a coragem não é uma consciência, é uma urgência de viver.