Entre o silêncio dos altares e os gritos abafados do sertão, ecoa uma história que por décadas permaneceu escondida — não por vergonha, mas por amor. Amor à fé, à família e à vida que se vive mesmo quando ela não cabe nos moldes da época. Este livro nasce do desejo de iluminar uma vida que sempre esteve entre sombras e luz. Padre João Dias Nogueira, meu tataravô, foi muito mais que um sacerdote do século XIX no sertão cearense. Foi um homem que ousou amar em tempos em que o amor tinha limites impostos por batinas e julgamentos. Foi pai em segredo, mas presente em essência. Foi líder espiritual de uma gente simples e esquecida, e ao mesmo tempo, homem de raízes profundas numa família influente da capital. Ao contar essa história, não busco julgar nem justificar. Busco compreender. Resgatar a humanidade por trás do mito, o sangue por trás da batina. As decisões difíceis, os silêncios gritantes, os afetos vividos entre distância e proteção. "Entre a Batina e o Sangue" é, acima de tudo, um ato de memória. Um tributo à complexidade de ser humano em um tempo de rígidas certezas. Que este relato possa tocar também outras almas que vivem — ou viveram — entre dois mundos.