Na tentativa de compreender a história das relações e dos processos referentes a gênese, criação e fundação, instalação e consolidação do Ginásio Ruy Barbosa e escolarização em Juazeiro/BA, em meados do século XX, alguns aspectos adquirem relevância: a posição, o funcionamento e a transformação do campo educacional no seio do campo do poder, de forma localizada; a estrutura local do campo educacional e como ele se definiu e se desenvolveu historicamente; e a estrutura das posições dos agentes, ocupantes de posições importantes nas relações que por aí perpassam. Ademais, foi necessário pôr em causa as designações de ensino secundário, ginasial e médio, remetendo o raciocínio para uma tentativa de formulação de um conceito de formas de escolarização. Justifica-se a adoção do estudo da história das relações e do local, referentes à cidade e à instituição escolar; do regional, espaço de circunscrição geográfica (Bahia), tanto quanto o espaço amplo do campo educacional e institucional e dos agentes sociais nesse campo; e do global, referente ao espaço mais amplo da sociedade brasileira e da educação em geral. Tais análises são realizadas concomitantemente com a crítica das fontes, intentada em um razoável volume de documentos e material empírico, inclusive entrevistas com protagonistas da história. Assim, o GRB caracteriza-se como uma instituição pública de ensino com uma configuração singular, cuja gênese perpassa um campo de forças, lutas e conflitos, de poder político e simbólico entre diversos grupos, numa exacerbação dessas relações. Esse ginásio não é uma instituição qualquer, que se cria e se instala, inaugura-se, desenvolve-se, consolida-se, organizando-se material, simbólica, pedagógica e burocraticamente, com seu corpo de agentes, alunos, professores, funcionários, que passa em brancas nuvens, no limbo do conjunto das instituições do sistema educacional, ou escolhido para as escritas das memórias, dos opúsculos, com data x de fundação, solenidades etc. Nela, as relações materiais e imateriais dão-se num processo de construção social histórica e não atendem a arbitrários pré-fabricados, mas à existência social, que se produz segundo as regras e as lógicas das condutas dos agentes no campo de produção cultural e social.