No texto inicial, um mini-conto cuja personagem é um dromedário, Maia-Flickinger remete aos anos que antecederam sua formação intelectual, adivinhando nele a linha de seu percurso existencial futuro. Os três textos seguintes são dramatizações ficcionais de temas que a ocuparam nos anos posteriores à sua formação. Nestes, a ação se cristaliza em torno de uma ou mais personagens, como pano de fundo à exposição do tema: em J. Bellini para apontar à revolta da luz e dos sentidos na geometria do espaço renascentista; em Schelling, para indicar a guinada impressa na filosofia idealista, quando o solo até aí considerado firme do pensamento abre-se ao caos e ao desatino; na conversa entre amigos, para, evocando teorias acerca da morte e da sobrevivência a ela, indicar diferenças no acesso de cada conviva ao sentido da morte –à sua própria morte. Já nos dois últimos ensaios do livro, ela se volta à filosofia de Schopenhauer, seja buscando entender a concepção extrema de seu pensamento da "negação da vontade de vida" (com ecos na música de Wagner); seja buscando decifrar, na biografia do filósofo, o que o teria levado a tornar-se filósofo, em vivência que faz dele o antecessor de Freud na descoberta da repressão e do Inconsciente no seu próprio corpo.