O livro Encontros para o devir das barragens no Brasil demonstra que o modelo convencional neoclássico gera uma globalização da indiferença dentro do sistema econômico vigente. Essa estrutura é excludente, solidifica e se apropria do espaço geográfico, criando rugosidades espaciais, dentro de diversas perspectivas temporais, o que resulta em diversos conflitos nos territórios. A mineração brasileira expressa esses conflitos por apresentar um modelo que cria e recria dependência, desconsiderando a sociedade de risco. Esses são os pressupostos basilares para o presente livro, que apresenta um modelo alternativo que possa auxiliar na interpretação desses conflitos, à luz da economia ecológica, articulada aos sistemas de ações e sistemas de objetos, tratando os elementos e categorias espaciais da Geografia. O modelo mineral apresenta passivos ambientais amplos e produz passivos de sofrimento social, necessitando de mecanismos que criem o efeito de transbordamento, evitando o efeito derrame. Dentro desse contexto, aplicado ao objeto das barragens de rejeito da mineração, cria-se um modelo transdisciplinar, com rigor metodológico, utilizando o devir como visão ética norteadora da ação humana, procurando com isso entender a capacidade de suporte no interior das noções de abundância e distribuição. Logo, estrutura, processo, função e forma são aplicados à questão mineral, sob o evento de rompimento hipotético da barragem do Projeto Salobo, localizado na Amazônia Oriental, no estado do Pará, considerando, nesse caso, a lei da entropia. Para validar empiricamente o modelo, foram realizadas atividades de campo que contemplam os principais stakeholders do modelo mineral. Ficou evidenciada a importância de um Estado forte, mesmo considerando seus limites, como elemento central modificador da ação humana, com a responsabilidade de licenciar, fiscalizar e regulamentar o setor mineral para Impresso e e-book.