Neste "ENCONTRO", apresentamos a reedição de dois livros já publicados com poemas de Jamir Firmino Pinto e Maria Luiza de Castilho Firmino Pinto. O primeiro livro, "CHÃO E MAR", originalmente lançado na década de 1950, já tinha duas partes. Uma, brotada das mãos de Jamir, com calos ainda não completamente cicatrizados da lida na roça, mas já em processo bem-sucedido de adaptação à cidade grande. Outra, dos dedos ainda adolescentes de Maria Luiza. Os níveis de fruição e encantamento com este livro são múltiplos. Passam pelo encontro e pelo contraste da forma diversa de fazer poesia de um homem e de uma mulher, de um ser humano maduro e de outro que descortina o mundo, o amor e os valores da vida adulta. Caminha com pés rachados pelo chão e navega diafanamente pelo mar da meiguice juvenil. Registra a história da vida privada no Brasil do século XX e sua transição da realidade rural para a urbana, o ciclo de desenvolvimento do país, a política, as estradas rasgando o continente chamado Brasil, cortando campos, túneis escavando as cidades, a mudança de costumes, as incipientes reivindicações e anseios femininos. A salvação da miséria pelo estudo, pela coragem, pela intuição de que havia algo mais além e, é claro, pela sorte. O segundo livro aqui revisitado, "SANGUE & METAIS", dá notícias de uma mulher plena, sempre intelectualmente inquieta, muitos anos depois. Maria Luiza observa o cotidiano, o amor, o erotismo, a política e vários aspectos outros das gentes como um todo e das mulheres em especial. Sem jamais perder, contudo, seu olhar de estreia, sua estupefação e deslumbramento diante das coisas mundanas. Quando "CHÃO E MAR" veio a público pela primeira vez, Maria Luiza e Jamir estavam noivos. Ela ainda assinava o nome de solteira, Maria Luiza de Castilho França. Ainda não haviam se casado, não havia filhos ou netos. Como diz Maria Luiza, "se não estivéssemos na mesma fase de vida a ingenuidade campesina e a inocência juvenil poderíamos ter nos encontrado?". É justamente este "ENCONTRO", o espaço onde Jamir, ao completar seu nonagésimo aniversário, encontra sua noiva menina-moça. É aqui, quando os olhos do leitor escorregam por estas páginas, que a doce e insuspeita avó das conversas triviais no elevador traveste-se da poeta passional de "SANGUE & METAIS" e caminha ao lado do rapaz que escapou do chão devorador para os braços dela.