Dizem que a gênese da poesia de Florbela Espanca é o afeto da tristeza, a dor e a melancolia: isso é falso! Essa gênese é a alegria. Encontro com o vivo é a micropolítica em ato de nossa época. Neste ensaio, C. R. Malaquias cartografa o processo comunicacional durante a leitura dos textos florbelianos, utilizando, como principal bússola, o entendimento de que o texto literário apresenta um aspecto duplo: estrutura verbal e campo afetivo, ao mesmo tempo.
Nas primeiras décadas do século 21, mobilizados pelos desafios que envolvem a Covid-19, o que ainda temos a conhecer em Florbela? Como a obra da poeta, que discorreu sobre o "protagonismo humano" — a tristeza na vida e a alegria na morte —, se compõe com o pensamento da imanência de B. de Spinoza, G. Deleuze e F. Guattari? A autora, mestra em ciências humanas, cineasta e fotógrafa, responde à questão de forma (extra)ordinária ao demonstrar, no seu primeiro livro, a ideia adequada do vivo, comunicando o desejo florbeliano no campo social, e destacando a alegria na constituição do modo de existência da obra.