Nesta segunda peça da trilogia iniciada com "O pequeno livro dos desaforismos", descubro-me cada vez mais beat , um tipo tardio, correndo atrás de um bonde que já passou, mas ao menos com a vantagem de não ter que carregar a imensa dose de estereótipos que aquela geração original carregou. A passagem para idílico está selada e eu, que nasci em 1968 e, portanto, teria o direito supremo a percorrê-la — de kombi, bicicleta, a pé ou como quiser —, não poderei fazê-lo. O mundo está em guerra e as passagens foram proibidas aos passantes. Resta-me uma sorte de anárquico-denúncia-conformada: aquela esposada, alardeada e com pouquíssimo uso. Confortável e segura, portanto. É pensando assim que neste livro eu abordo amizade, estradas, família, encontros, despedidas, morte, vida, espírito e matéria à luz do surrealismo filosófico que insisto em desenvolver