Diante de tanto perigo, tanto caos, tanta contradição, tanta ignorância, o homem tensiona-se quanto mais perceptivo. É comum até escutar-se que quanto menos sabe o homem é mais feliz. Eu particularmente dispenso tal felicidade, preferindo a infelicidade do vir a saber. Mas a verdade é que diante de tanta incoerência e insegurança, o homem volta-se para Deus, e antes de encontrar Deus em si mesmo, chega a olhar para o alto em busca de Deus, chega a eleger símbolos, criar filosofias... O homem cria objetos de poder para protegê-lo seja um amuleto, a família, o ser amado, colocando sobre tais objetos a responsabilidade de torná-lo feliz. E quando tudo isso não é mais suficiente para enganá-lo, e não tem ainda base auto afetiva sólida, finda por punir-se com promessas de autodestruição. O homem age então diante de Deus como filho diante do pai, temeroso de castigo por sua negligência, mas precisando dos castigos para se disciplinar, até da culpa de assimilação da verdade. Esse é o fundamento do Projeto Suicida.