Este romance expõe inúmeros tabus, a começar pela condição dos protagonistas: um casal homossexual. Um encontro casual passa imediatamente para um relacionamento sexual, mas se transforma em envolvimento profundo, o surgimento do amor. Fernando é terapeuta e, ao mesmo tempo, narrador da história. Alexandre, com experiência bissexual vasta, é um rapaz simples, com pouca instrução e, não tendo sabido em seu passado lidar com um desafeto, envolveu-se no submundo das drogas. Por causa da promiscuidade, torna-se portador de HIV. A virtude do livro, porém, não tem a ver apenas com esse enredo. A importância dele está em ser um conjunto de lições fundamentais para a existência, que tendem a levar o leitor à elevação espiritual, enquanto acompanha os passos dos dois rapazes. Por isso, é um livro de espiritualidade, mas não de religião. É também um livro de Filosofia e Psicologia. Trata de questões muito cruciais, mas de maneira extremamente didática, para poderem ser compreendidas por todas as pessoas. Não é livro de doutrinas, mas de perguntas que cada leitor pode se colocar e dar-lhes suas próprias respostas. É um livro que expõe e confronta todas as formas de preconceito. Nele, o amor humano, incluindo o sexo, é tratado como manifestação do Amor Divino. É um livro que traz muitos tópicos para meditação. A espiritualidade de Fernando é exacerbada, motivo pelo qual pretende fazer de tudo para introduzir o amado nessa senda, o que efetivamente acontece, de maneira gradual. Aos poucos, Alexandre vai despertando para a consciência de ser muito mais do que poderia imaginar, antes de conhecer seu amigo. A paciência de Fernando é fruto de muito tempo de dedicação ao Deus Interior, que lhe proporciona surpreendentes revelações, fazendo-o crescer e o ajudando conduzir Alexandre. Outros tabus tratados são: a dependência química, com relatos de situações críticas em que Alexandre esteve envolvido, contando sempre com a compaixão do amigo; o câncer, que Fernando ajuda uma cliente a enfrentar; os prejuízos da fé cega às pessoas que se entregam a crenças e valores religiosos, sem o concurso da reflexão; a morte, trazendo-a para o significado de transformação, ao invés de término. Ao final, é apresentado um recurso espiritual, acompanhado de uma decisão, que Fernando adota para lidar com a ausência de seu amigo e, assim, alcançar paz e completude.