Seu livro - ilustrado por ela mesma, com traços de figuras femininas que evidenciam sua aptidão para artes visuais - registra trinta e quatro crônicas por meio das quais a autora demonstra sua habilidade no manejo de um gênero jornalístico-literário que serviu de contemplação a grandes escritoras brasileiras, da estirpe de Clarice Lispector, Cecília Meireles e Lygia Fagundes Teles. No coser do dia a dia do universo feminino, Anna Liz consegue dar às suas crônicas as características que o gênero propicia: ora uma narrativa curta; ora uma prosa poética entranhada de lirismo; eventualmente, uma prosa com linguagem de humor e sarcasmo; por vezes, um texto de caráter descritivo ou reflexivo. Aliás, em plena era tecnológica de que faz parte, Anna Liz inicia sua obra com um prólogo carregado de emoções sucessivas, escrito de próprio punho, para permitir ao leitor, por meio de uma visão grafológica, elucidar a alma que se extrai de um primeiro relato entremeado de perdas e conquistas, mensurando o amor pelos livros e pela figura feminina da avó. A escrevedura pelo próprio punho também representa a pertinácia do seu passado para a edificação de seu presente. Ela, algumas vezes, faz referência a si mesma na terceira pessoa, como forma de que a sua voz sirva de matéria-prima também para outras vozes da mesma casta.