Ao longo das criações poéticas de Sônia Essabbá descobre-se o quanto são elas multifacetadas. Para além da normal inquietação criadora, natural nos poetas – eleitos dos deuses que são –, possui ela uma sensibilidade quase epidérmica por tudo o que viveu e viu, numa vibração polifórmica que surpreende e encanta qualquer leitor.
Este livro – Ela não sou eu – Coletânea da saudade – vem a ser, inversamente, ela mesma, porque incorpora nele o seu sensível veio criador.
Oferecido aos entes queridos, resgata o passado, que se faz presente na própria enunciação: “O amor não morre... Pode matar!”. O poema “Amor”, em ascendência épica, reflete bem isto. Os demais o acompanham em diapasão e ritmo semelhantes, sem repetições que os desfiguram. Quais escolher, para uma seleção mínima? De qualquer um deles colhem-se achados surpreendentes. Em “Do deslumbre ao sonho”, por exemplo, a poetisa externa uma confissão que é ponto nodal do seu todo poético: “Tenho uma alma andarilha!”. E é tal como se diz a poetisa em “A morte do papel”: “O papel na minha vida é o meu porto seguro”.
Sonia Essabbá é poetisa de sonhos e esperanças, de apelos e benquerenças. Esta coletânea da saudade sintetiza-se num achado poético da própria autora: Ela não sou eu.
Caio Porfírio Carneiro"