Reclama-se, e com razão, da necessidade de revermos o sistema escolar, de repensarmos a educação, e aqui está o ponto nevrálgico da questão, pois não se pode fazer uma reforma do sistema escolar, ou seja, do ensino, sem que a educação seja repensada e entendida. Todo ensino está sujeito a desvios e mesmo inoperância quando distanciado dos fins da educação, por isso que a construção e reforma de escolas, a contratação de professores, a mudança de métodos, a distribuição de livros didáticos e outras medidas equivalentes não trazem o resultado esperado. Podem oferecer a alfabetização mais rápida ou a diminuição da repetência, mas o homem, que é um educando do berço ao túmulo, ou melhor, de antes do berço e depois do túmulo, como vamos ver, embora alfabetizado e desenvolvido na sua inteligência, continua sendo hipócrita, vaidoso, orgulhoso, egoísta, enxergando a vida apenas pelo prisma das vantagens pessoais. Esse homem pode construir impérios sem dar importância a quantos está esmagando. Pode usurpar os direitos alheios à vontade manipulando a própria justiça. Então, diante desse quadro, onde falhamos na educação? Afirmamos que a falha está justamente no entendimento que fazemos da educação. Por esse motivo chamamos a atenção para os fins da educação e, aí sim, para a operacionalização do ensino propriamente dito. Quando o homem conhecer a arte da formação moral, der importância ao manejo do caráter, estará colocando a educação no lugar que ela merece, corrigindo os passos da humanidade e, vencendo a estrutura social adversa, mudar para melhor, perceberá que antes de tratar da estrutura do edifício deve solidificar suas bases, que estão todas na filosofia que rege o trabalho educacional. Como podemos educar se não sabemos o que é educação? É, a educação moral, o caminho a ser trilhado pela humanidade se quiser um futuro bem diferente do vivido até o final do século vinte, e para isso valores precisam ser renovados, sentimentos necessitam ser desenvolvidos e o caráter direcionado para o bem coletivo, ou naufragaremos a sociedade novamente no caos destruidor do egoísmo e do materialismo. Por isso a educação moral só pode ser dirigida com eficácia por uma filosofia que priorize a espiritualização do homem.