O livro Educação geográfica do agir comunicativo: Geografia escolar do mundo da vida problematiza o uso da linguagem mediante sua função comunicativa voltada ao entendimento, lançando luzes para a sua ausência na escola, bem como no ensino e na aprendizagem de Geografia. A obra parte da constatação de que a tradição crítica da Geografia no Brasil havia posto a interpretação do mundo pelo sistema econômico e político em primeiro plano no saber geográfico. Ela fizera isso a partir de categorias da economia política que se tornaram questionáveis (como dados explicativos por si sós da realidade), muito antes da sua eclosão no interior do próprio pensamento crítico geográfico no final da década de 1970. A categoria interação social já havia sido posta por Jürgen Habermas na década de 1960 e, em 1970, uma virada linguística na Filosofia e nas Ciências Sociais já estava posta. O autor destaca, por sua vez, que o mundo da vida já havia sido colocado pelas ciências do espírito como o fundamento esquecido do saber científico e do qual o saber geográfico tem se valido apenas recentemente, com ganhos reconhecíveis para o nosso campo disciplinar. Ao modo da reconstrução habermasiana, propõe-se que nos direcionemos para além do mercado e do Estado, mas sem a desconsideração do mundo do sistema, de modo a ampliar a descrição, a explicação e a compreensão da dimensão espacial da sociedade mediante o mundo da vida, compartilhado intersubjetivamente como conceito complementar ao de agir comunicativo. Em sua leitura, depreende-se o desenvolvimento de um discurso em torno dos fundamentos sociais (a sociedade), fundamentos espaçotemporais (o espaço e seus horizontes) e fundamentos políticos (o espaço público comunicativo e a democracia deliberativa). Ao tempo que se faz um convite à discussão das bases pedagógicas para uma educação geográfica do agir comunicativo, a obra encaminha para o entendimento da consideração da Geografia escolar com e pelo mundo da vida para a emancipação.