Você se sentiria plenamente feliz se de uma só vez fosse dono de uma grande fortuna, se possuísse saúde invejável, se tivesse inteligência acima da média, se possuísse a beleza de um "deus grego" e se fosse um atleta de alto desempenho, podendo ainda ser o melhor em tudo o que faz? Naturalmente que esse tipo de questionamento deve ser evitado, pois é óbvio que estando em sã consciência, todo ser humano deseja possuir todas essas coisas. Mas a questão que fica é a seguinte: É possível possuir tudo isso e ainda assim não se sentir feliz? Pois bem, o rei Édipo era possuidor de todos esses bens. Na verdade, ele possuiu até mais e conseguiu isso sendo ainda bastante jovem. Os formidáveis poetas da Grécia Antiga descreveram-no como sendo admirado e amado por todas as pessoas. Nesta condição, Édipo é apresentado como protótipo do ser humano plenamente feliz. Mas existe um problema: o jovem rei ainda não adquiriu inteligência emocional suficiente para encarar a vida além dos limites do seu palácio e está prestes a sucumbir diante de um maldoso comentário. Isso é o que acontece quando permitimos que a opinião alheia determine o peso e a importância das coisas as quais julgamos serem capazes de nos tornar felizes e não nos damos conta de que o verdadeiro bem-estar não se limita à saúde do corpo, à beleza estética, à inteligência privilegiada, à boa reputação, às realizações pessoais e à posse de bens materiais. Existe algo mais e o jovem Édipo está a um passo de começar a entender que é possível, sim, conquistar todos os bens da vida e ainda assim descobrir que é completamente infeliz. A saga de Édipo representa o conflito existencial do ser humano através das eras; um tema extensamente discutido na filosofia e nas artes e um esforço de encontrar o sentido da vida e de tentar entender aquele que é, talvez, o maior de nossos dilemas: o motivo pelo qual sofremos. Édipo representa cada um de nós em busca de respostas. Decifrar Édipo é decifrar a nós mesmos.