O estudo apresentado no livro parte da contradição existente entre o capitalismo hegemônico e a justiça socioambiental para propor uma reflexão crítica sobre a Economia Popular Solidária, compreendida como um modo de organização social, produção, distribuição e consumo de bens e serviços mais consentâneo com a interdisciplinaridade e com a interdependência: ambiental, cultural, econômica e política, imprescindíveis à efetivação da justiça. O estudo se apoia na teoria social da justiça como delineada por Nancy Fraser, para quem a justiça realiza-se a partir da satisfação de três dimensões interdependentes: distribuição (de recursos), reconhecimento (e respeito às diferenças entre coletividades) e representação (em todo domínio simbólico), conjugando três diferentes campos da vida humana, economia, cultura e política. Para além da teoria da justiça segundo Fraser, o estudo ressalta a fundamentalidade da Justiça Ambiental, entendendo ser o meio ambiente o ponto de início, meio e fim de todos os demais campos de realização da vida humana e, portanto, também da justiça. Nesse sentido, o estudo manifesta-se como um esforço para que a questão ambiental seja reconhecida enquanto campo de tensão existente entre os eixos estruturantes da justiça. Enquanto meio que interfere no funcionamento dos sistemas socioeconômicos e socioculturais, a questão ambiental também deve ser objeto do projeto político de uma sociedade que se pretenda justa.
Assim, a pesquisa analisa se e como a Economia Popular Solidária, ao compreender princípios éticos, como a proteção e promoção da dignidade humana e do meio ambiente, como seu norte e seu limite, seria capaz de ecologizar, humanizar e eticizar os processos produtivos.
Para tanto, aborda-se o problema proposto de forma qualitativa. Intenta-se, assim, fornecer subsídio teórico à superação do tradicional sistema capitalista e contribuir para a reinvenção de novas formas de coexistir que sejam dignas, éticas e plurais para cada existência singular