O livro "É possível ser feliz no casamento? Discurso médico e crítica literária feminista no Brasil Moderno" analisou o discurso médico e a produção feminina literária sobre o vínculo conjugal, entre os anos 1900-1940 na história brasileira. Ao direcionar a análise às ações de muitas mulheres, dando destaque às possibilidades diferenciadas e singulares da experiência feminina, foi possível visualizar o modo diferenciador de perceber o casamento nos escritos literários femininos, construído e produzido por um registro que não o masculino e, dessa maneira, a pesquisa ressaltou a interferência e a participação das mulheres na construção cultural em contraponto ao discurso masculino médico conservador do período. Ao trabalhar com escritoras que escreveram textos literários, cujos personagens tematizam o casamento, a historiadora resgatou o modo de escrever feminino e a contribuição de algumas literatas no processo de ampliação da temática do vínculo amoroso na esfera pública da época. Ademais, recuperou e visibilizou as maneiras de fazer/escrever femininas numa construção cultural em que homens e mulheres interagem sendo igualmente produtores de sentidos nas relações sociais, refutando atribuir o caráter de unilateralidade à produção de cultura.