A história nos mostra como o campo da maternidade e o lugar da mulher passaram por um intenso processo de idealização, e que há um grande atravessamento de raça, classe e gênero nas construções dos discursos sociais e políticos no campo da parentalidade e da maternidade. Falar, escutar e pensar a maternidade nesse contexto nos remete a uma pergunta que acompanha todo o nosso trabalho: Afinal, quem pode ser mãe no Brasil? A partir de uma articulação teórico-clínica, o livro se propõe a explorar os efeitos do atravessamento do discurso social e político no impedimento da construção da parentalidade em mães marginalizadas. Ao longo do texto, destacamos as contribuições que a psicanálise traz ao campo e, a partir de um trabalho de escuta clínico-política que se dá no centro de São Paulo, considera a dimensão sociopolítica do sofrimento no campo das maternidades marginalizadas, procuramos articular as questões teóricas sobre a parentalidade e a maternidade em situações de urgência social nos processos de destituição e/ou suspensão do poder familiar.