O livro traz o relato vivo e pulsante do que acontece na vida de uma carioca que, nos anos 90, morando no nordeste e sendo professora universitária, vai para SP fazer um doutorado, com direito a um aperfeiçoamento em Barcelona. O que hoje pode ser algo trivial para uma mulher, para ela, naqueles tempos, foi complicado: 47 anos, 3 filhos, sem família por perto, em crise conjugal, mil dificuldades para se separar e, neste ínterim, a chegada um novo relacionamento. O que a princípio parece ser um texto desatualizado e descontextualizado, surpreende pela relevância da condição feminina na vivência de sua experiência, que se sobrepõe e o torna um texto histórico. Em forma de diário autobiográfico, escrito concomitantemente à tese, o livro revela seu lado invisível, os momentos simples e estarrecedores em que a autora se permite escrever como desse na telha, rasgar o verbo, reclamar, se revoltar, desabafar angústias e neuras geradas pelas tensões que envolvem todo o processo de elaboração da tese e que culminam no momento de sua escrita. Além de espaço libertador, "diarito" foi também um espaço de registro de insights sobre o "tesear", de brincar com autores, de reconhecer a importância da relação de troca frutífera com a orientadora da tese, de digerir crises sem esquecer do autocuidado com a saúde integral. Uma rica experiência de superações, que pode contribuir com o momento de quem faz e vive a pós-graduação, seja como orientando ou orientador.