Como um matuto pode ser um verdadeiro lorde? Eu não sei, mas ele era. Era só observar seu jeito de ser, postura e, acima de tudo, a educação! Foi um pai rígido, às vezes bravo, mas muito presente na vida dos filhos. Ajudava-nos nas lições da escola, principalmente na aritmética, que era seu forte apesar do pouco estudo. Ficávamos encantados com seus causos de assombração e de gente. Era um livro vivo de memórias... era um homem fino e elegante nas suas calças sociais, camisa de manga comprida e o sapato sempre lustrado — o sapato podia ser velho, surrado remendado com tachinhas no pé de ferro, mas era lustroso, impecável!
Naquele ano, a geada veio pra valer! Matou todo o cafezal, coalhado de flores, ficando tudo preto. As folhas caíram e só ficou o esqueleto do pé de café que teve de ser cortado. O cheiro de queima, de folhas secas. O olhar para o alto, o gesto de tirar o chapéu e as lágrimas nos olhos disfarçando para que ninguém visse...