Este é um retrato, insuficiente, como tudo só pode ser ao se falar de Friedrich Wilhelm Nietzsche, o filósofo do ódio e da beleza e da Arte por excelência. Sua insuficiência não repousa no fato de este retrato ter sido pintado em poucas linhas já que volumes inteiros não conseguiram, até hoje, desvendar todas as facetas do pensamento e da intuição do homem que conseguia amar o Belo, os pré-socráticos e a cultura helênica, ao mesmo tempo em que amava as guerras e abominava personagens como o historiador grego Xenofonte. Ela repousa na própria complexidade do filósofo, escritor que precisou apenas de si como personagem, e com esse material único moldou o triunfo e a tragédia da sua vida e de seu pensamento. A pretensão deste livro, assim, é falar com Nietzsche e não dele. Com uma linguagem que pouco tem a ver com o peso acadêmico posto pelos comentaristas e adaptadores de sua obra, o objetivo deste livro é falar do pensador repleto de ideias fervilhantes, aparentemente delirantes, mas recheadas de grossa sobriedade, do enamorado de sua filosofia, nascida dos contrapesos do amor mais sublime e do ódio mais entranhado. E esse Nietzsche, com certeza, não nasceu póstumo, já que nunca morreu.